quinta-feira, 31 de março de 2011

O Salvador da Família


Toda família tem seu super-herói, geralmente esse papel é exercido pelo patriarca do clã. Hoje, cada vez mais, temos visto as mulheres ocupando este lugar, pois além de genitoras por excelência , o que já é por si uma tarefa das mais hercúleas, ainda tem tornado-se provedoras das necessidades de sua prole.

Mas, hoje não estou aqui para falar na mudança do papel das mulheres na sociedade contemporânea, apesar de pedir licença aos meus caros leitores, para dar, meus parabéns, atrasado, as nossas leitoras pelo dia internacional da mulher!!

Este mês vou conta-lhes um caso interessante sobre um salvador da pátria em minha família.

Quando criança, quando se reuniam os mais velhos, ao redor da mesa, para conversarem, algumas vezes ouvi comentarem de certo parente, mui rico e poderoso, que vinha de tempos em tempos, de muito longe, para visitar a família.

Nos momentos de dificuldade financeira, em decorrência da queda do preço do algodão, ou nas secas periódicas que assolavam e ainda assolam o Agreste Setentrional, não se desesperavam, pois sempre poderiam contar com o poderoso e rico parente , que de muito longe, vinha em socorro dos seus familiares.

Era uma história que se contava e se recontava, mas que pouco me interessou no momento.

Até que um dia, resolvi saber mais sobre esse personagem "heróico" provedor dos necessitados do seu clã.

Minha tia avó, uma das mais velhas, cuja tinha contato, certo dia me disse que se tratava de um homem abastado, tio de seu pai. Mas nada mais sabia, a não ser, que vinha de muito longe, do sertão, para ajudar os parentes quando necessitavam.

Mas qual o nome do dito cujo?

E de onde viera?

Esse tipo de pergunta era quase sempre proibido na minha família.

Os velhos achavam que era intromissão dos mais jovens, e que estavam a querer saber mais do que deviam saber. Ou será que não sabia mais que isso? Bom, eu só tinha 9 anos, talvez não queriam perde tempo com uma criança curiosa.

Tempos depois, já com os meus 15 anos de idade, e 6 anos de "aporrinhamento", me disseram que o tal salvador da família, vinha de muito longe, não se sabe se do sertão o de além-mar.

Além mar ? Sim foi o que me dissera, uma prima idosa de minha bisavó.

Ele vinha de Portugal, para visitar a família de tempos em tempos”

Pensei eu, como um homem viria de tão distante, do outro lado do atlântico para visitar a família nas quebradas do sertão?

E ainda mais com certa freqüência?

Como dizemos aqui no Nordeste, “deixe quieto”. E deixei mesmo!

O tempo se passou, os parentes mais antigos se foram, e a duvida ficou.

Eu já devia está acostumado com os mitos familiares. Por várias vezes, ao longo de minha trajetória como pesquisador, o mitos sempre foram meus companheiros.

Então pensei: mais um não irá tirar meu sono. Porém tirava, sempre que pensava sobre o assunto.

Nota do autor (minha): "Não liguem meus caros, é coisa de genealogista. Só sabe desse sentimento quem adora o assunto"

Certo dia, ao fechar minha linha materna, passou pela minha cabeça:

Minha tetravó, d. Filadélfia Pereira da Silva, era irmã caçula do rico e poderoso coronel das glebas sertanejas do Pajeú, Andrelino Pereira da Silva, o famoso Barão do Pajeú.

Opa!!!

Será que era este o poderoso homem que ajudara os meus parentes no Poço Comprido?

Sem confirmação dos parentes mais antigos, pois todos já haviam partido, comecei a analisar as características, que os mesmos haviam passado desse parente, e sua interação com o resto da família. Aí tudo se encaixou perfeitamente.

Porém antes de concluir, vamos a biografia do homem:


Andrelino Pereira da Silva, 1º e único Barão de Pajeú, (c. 1830 — 30 de dezembro de 1901) foi um proprietário rural e político brasileiro, primeiro Prefeito do atual Município de Serra Talhada, Pernambuco, entre 1892 e 1895.


Foi major e coronel da Guarda Nacional, intendente do município, Cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo e Comenda-dor da Imperial Ordem da Rosa, agraciado com o título de barão por Dom Pedro II em 10 de dezembro de 1888.

O Barão do Pajeú, Senhor da antiga Fazenda Pitombeira em Serra Talhada, Pernambuco, era bisneto do fidalgo José Carlos Rodrigues — Patriarca da poderosa família Pereira — e de Dona Ana Joana Pereira da Cunha descendentes, por varias linhas, da Casa da Torre de Garcia D Ávila e colonizadores do sertão pernambucano através dos Rios São Francisco e Pajeú.(¹)

Ele foi um homem que zelava pela boa vizinhança, e também em manter fortes os laços dos seus familiares.

Sobre seu temperamento, o Barão, era tido como um homem de paz, que sempre fazia o bem aos seus conterrâneos, desde os mais pobres dos caboclos até os mais abastados aliados.

Essa característica de sua personalidade, o fez homem bem quisto na região, sendo a fazenda Pitombeira, sua residência e quartel general, parada obrigatória de amigos e aliados políticos.

Quando faleceu, os rumores caíram logo sobre uma velha "peleja" de família, que havia se iniciado em 1834, entre os Pereira da Ribeira do Pajeú e os Alves Carvalhos.

A Baronesa do Pajeú, D. Francisca da Silva, conhecida como dona Chiquinha, inconformada pela morte do marido, cobrou vingança do seu clã em honra de seu marido.

A minha mãe ainda recorda de seu avô, Miguel Amâncio Pereira da Silva , dizer ao repreender suas netas em suas “encrencas” de criança.

"Mais essas meninas herdaram o sangue de Chiquinha. O que é de raça lastra"

Quanto a sua vinda ao Poço Comprido, digo do Barão, eu não duvido, é um forte candidato a assumir a posição do misterioso "provedor da Família".

(¹) http://www.casadatorre.org.br/bpajeu.htm

3 comentários:

  1. Caro Simon Albuquerque, Andrelino Pereira da Silva (Barão do Pajeu) foi casado duas vezes, o primeiro casamento antes de ser Barão foi com Maria Pereira da Silva filha do Coronel Francisco Pereira da Silva e de Ana de Sá. O segundo casamento foi com Verônica Pereira da Silva (Baronesa do Pajeu), descendente de Antônio Pereira da Silva que era irmão do colonizador Capitão José Pereira da Silva.
    Francisca Pereira da Silva(Dona Chiquinha Pereira), era filha do primeiro casamento do Barão do Pajeú com Dona Maria Pereira da Silva, Dona Chiquinha casou com o tio materno Manoel Pereira da Silva Jacobina (Padre Pereira), inclusive esse casal foram os primeiros sogros de meu avô paterno Crispim Pereira de Araújo.

    Um abraço do parente Venício Feitosa Neves.

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  2. Caro Simon, venho confirmar o comentário do senhor Venicio. Correta a sua colocação.

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  3. Preciso de ajuda. Estou montando a árvore genealógica da família. E preciso de informações. Se puder me ajudar, agradeceria muito. Sou pentaneta de Jorge Cavalcante de Albuquerque, o mesmo saiu fugido de Cabrobó por volta de 1850 por ter matado o filho de um fazendeiro vizinho, pois o mesmo havia tirado a honra de uma de suas filhas. Meu pentavô para recuperar a honra de tua filha, foi conversar com esse rapaz, saiu de lá humilhado e com a promessa de que somente esperaria as outras filhas crescerem para fazer o mesmo. Meu pentavô indignado voltou em casa, pegou uma peixeira e o matou com a jura que ele jamais tiraria a honra de uma donzela. Meu pentavô veio para a Bahia onde se casou novamente, mas não consigo obter nenhuma informação sobre o mesmo, pois os livros estão todos destruídos. O que faço?
    P.S.: Um de seus filhos, teve por volta de 10 filhos, o acompanhou. Sei Seu nome é Constantino Cavalcante de Albuquerque.

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